23 junho 2011

Sonho...


Ela foi à praia. O sol brilhava, mas o dia estava fresco.
A brisa balançava seus cabelos reproduzindo as dunas que ali se encontravam. Alguém a levara até ali.
O mar estava lá em baixo. As falésias quebravam as dunas e mostravam o mar. A areia fina refletia o sol dourado e o verde dos campos que até ali chegavam suavizava o olhar.
Ela se escondeu numa duna, feito criança brincalhona, que com todo o cuidade não deixou pistas do seu caminhar. Ele, enquanto a procurava, resolveu passear um pouco mais. Aproximou-se dela, que apareceu num relance surpreendendo-o. O susto dele se revelou numa gesto simpático que de trás das costas surgiu uma pequena flor. Por isso ela não esperava. E a brisa soprava.
O sol começara a se pôr. Resolveram ir embora. Não sabiam o caminho de volta, pois não sabiam como ali tinham chegado. Apenas tinham dirigido em direção ao oceano e ali chegaram.
Se despediram. E depois dessa noite, não restou nada. Nenhum vestígio. Nenhum grão de areia. Apenas um sonho...



16 junho 2011

Isso passa...

Contaram-me isso quando ainda era pequenina. Eu acreditei.
Pelo menos tentei. Até perceber que não era bem assim que tudo funcionava.
Sabe aquele amor? Aquela dor intensa? Aquela surpresa? Aquele segredo?
Nada disso você esqueceu! Apenas guardou lá no fundo, debaixo de camadas e camadas de dia-a-dia, na esperança que aquilo sumisse. Mas não some. Não porque faz parte da sua vida. E você ainda não morreu.
E a vida é uma caixinha de surpresas...

Um dia fui cupido. Não deu muito certo. Anos depois soube o porquê através de uma autêntica declaração de amor invejada por muitas. Ele não esqueceu. E apenas viveu o dia-a-dia, até se lembrar que aquilo existia lá no fundo. E resgatou.
Um dia me prometeram coisas. Nada recebi. O tempo se passou. E a promessa ficou lá no fundo. Anos depois, descobiram que foi por ela ter sido guardada que a vida mudou.
Um dia tive um jardim. E corria livre por ele. Pulava por cima das pedras. Colhia flores. Porám a vida me afastou dele. Essa sensação está lá no fundo. E vem à tona sempre que posso resgatá-la.
Um dia tive um gato. Ele ficou doente. Fiz tudo o que podia. Mas ele morreu. Essa dor ainda existe dentro de mim...

Aprendi que as coisas voltam. Mesmo que não se queira, que se tenha certeza que aquilo já era, que não exista alguma chance.
Por isso me contento a guardar tudo lá no fundo. Criei um cantinho bem aconchegante para tudo lá no fundo.
Arrumo tudo com carinho. Para cada emoção, um lugarzinho apropriado. Para cada lembrança, um ninho bem quentinho. Para cada sentimento, uma fragância diferente.
Assim o passado não me pega de surpresa. Eu posso ir lá regastar quando quiser... como quiser... assim que puder!