04 julho 2013

Pé de acerola

Pequena ela corria pelo tapete verde formado pela relva macia que cobria o jardim. Sorria timidamente para não intimidar os passarinhos. E parou. Ficou o olhar no seu alvo: um pé de acerolas. Muitos pontinhos vermelhos no infinito verde. O sorriso ficou escancarado no seu semblante. Nada mais se escondia tamanha era a felicidade que preenchia a sua alma.
Num movimento sutil, começou a esticar-se para alcançar a acerola que mais lhe parecia vermelha. Quanto mais madura, mais saborosa seria E ela sabia disso. Alcançá-la era difícil, mas valia a pena o esforço.
Aos poucos, com a pontinha dos seus delicados dedos, conseguiu tocá-la. Apanhou-a firme, sem apertar para não esmagá-la. E contemplou-a. Naquele momento como que se fundiram numa só coisa. Não se sabia mais onde terminava a pequena menina e começava a grande acerola. Eis que de repente se ouve um suspiro de satisfação, quase que um grito de alegria, um gemido de emoção.
Ela mordeu a frutinha! E o resto evaporou. O sabor era intenso demais para o mundo existir à sua volta...

E ela acordou. Se levantou e correu para a sua vida diária. A imagem não lhe saía do pensamento, mas o gosto não existia na sua boca. Parou tudo e apenas tomou um suco de acerola.