19 maio 2011

Sino dos ventos

A função dela era desembaraçar sinos dos ventos. Para o poder fazer, abria as janelas com vontade, logo pela manhãzinha, bem abertas para o vento poder entrar, rodopiar e bagunçar todos os objetos da casa.
Ela ria tamanho era o tintilar dos penduricalhos que enfeitavam o cantinho só dela. E lá ia ela, com toda a paciência, separar fio por fio, já presos por nós muito bem feitos pelo aguçado vento. Seu cabelo esvoaçava junto, na contínua brisa que não cessava, naquela aventura cotidiana. O dia se passava assim. Os mais divertidos eram os dias de Outono, quando as correntes de ar eram mais frequentes e o sol ainda brilhava quente nos objetos cintilantes.
Quando a noite já se aproximava, cansada de todo o seu fazer, ela ia fechando a janela... Bem devagarinho! Ouvia o vento assobiar como uma despedida. Sentia no seu rosto o beijo de boa noite que este lhe dava. E carinhosamente se desejavam um 'até amanhã'.

2 comentários:

Wellington Lyra disse...

Muito bom! =)

Vitor Bustamante disse...

Maravilhoso, Mafy... romântico de mais. Lindo, lindo!