21 abril 2015

Árvore...

Sinto-me despida.
Tal e qual árvore que me espreita pela janela. O frio congela a pele, despe o espírito. O sol, fiel companheiro de todos os dias, brinca com os galhos, mas foge do aquecer. Está ali, raiando os dias mais bonitos. E ela sem forças para o abraçar.
Parece morta. Talvez até tenha vontade de o estar. Porém apenas junta a sua alma para brotar novamente. O vento, música e embalo, mistura nela todos os sentimentos e emoções. Se um passarinho tranquilo pousa no seu ramo mais alto, é capaz de chorar, não saberia dizer de alegria ou tristeza, de lhe poder dar descanso mas não abrigo. Tudo fica exposto. Transparece a mais fina cicatriz do tempo no tronco.
As aranhas se aproveitam disso. Tecem as teias com mais facilidade. São ágeis, têm fome. E o sol exibe suas obras de arte, impressionantes para qualquer bichinho ficar atraído por tamanha beleza.
Ela queria que mais aranhas trabalhassem nela. Talvez suas teias a deixassem num casulo escuro e quente. Ali permaneceria repousando...
Mas há sonhos difíceis de acontecer. E ela sabe disso. Por isso se ergue alto e deixa que o vento a balance. A primavera não deverá tardar...

Nenhum comentário: